À Comunidade do CAA/UFPE
Funcionários, Estudantes, Professores.
Peço licença para dirigir uma opinião a vocês. Acredito que o sigilo do
voto pode ser, e frequentemente é, um instrumento de garantia da liberdade
eleitoral, mas pode ser apenas uma expressão de despolitização. As eleições
para Direção do CAA se aproximam e não vou usar da comodidade despolitizada do
silêncio. Em primeiro lugar, quero saudar, com muito contentamento, o processo
eleitoral em si, pois o mesmo encerra seis anos de intervenção política com
ausência completa de democracia participativa. Aproveito para lembrar que o
Diretor, foi durante todo esse tempo o Professor Mariano Aragão e o
Vice-Diretor, o Professor Nélio Vieira. Nada tenho contra nenhum dos dois e
confesso que o Professor Nélio, sempre que substituiu o Titular, mostrou-se
mais sensível e mais aberto ao diálogo. Contudo, não estamos a tratar de
simpatias ou antipatias eletivas, nem de elogio ou de escolha do menos ruim, ou
de um segundo razoável em relação a um primeiro péssimo. Não estamos tratando
de pessoas, mas de projetos. É consenso que a política não é o campo das boas
intenções e sim da disputa do poder e da movimentação de forças sociais. O
professor Nélio, é triste reconhecer, representa o continuísmo. A paternidade
política do candidato Nélio é indiscutível e chama-se Mariano Aragão. Como
historiador, fico assustado com um fato de campanha. Entretanto, devo insistir que
tal fato causa espanto a todo CAA. Sentimos falta de fotos de Professor Mariano
Aragão ao lado do seu candidato e desejado sucessor, o Professor Nélio. Remeto
a memória histórica recente de que a Candidata Dilma, na qual muitos votaram, apareceu
permanentemente em campanha ao lado do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por que o encobrimento político, ético e ideológico de um padrinho político? Seriam
sentimentos de ingratidão ou vergonha? Um historiador não pode desprezar as
experiências históricas concretas, a não ser que desista do ofício. Lembro-me
de alguns regimes políticos que utilizaram o expediente citado acima como
mecanismo para apagar a memória fotográfica que sustenta parte da memória
histórica. Nos idos dos anos 30 a 50 do século passado isto não era uma operação
tecnicamente simples. Hoje se tem um programa chamado de Photoshop. No caso da
relação política entre o atual Diretor (Professor Mariano) e seu Vice e candidato
situacionista (Professor Nélio Vieira), a manobra dispensa mecanismos indiretos
de apagamento da memória histórica, simplesmente o Professor Mariano é escondido
e nem sai nas fotos. Ele não é personagem histórica, nem mesmo ficcional. Ele
apenas nunca existiu. A gestão de seis anos desaparece junto. A discussão de um
tempo histórico (seis anos), que do ponto de vista de uma instituição (com
pouco mais de meio século) não é um tempo desprezível, torna-se desnecessária.
Produto final: um candidato “novinho em folha”, quase recém-chegado ao CAA.
Subproduto: as velhas e deploráveis práticas que a comunidade do CAA irá
repudiar nas urnas.
Caruaru, 30 de setembro de 2011
Glaudionor Gomes Barbosa
Professor do Curso de Economia
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Glaudionor Barbosa