Comunidade do Centro Acadêmico do Agreste,
Estou aqui há pouco tempo, como
muitos de vocês. Cheguei em meados de março do ano passado, ansioso por estar
realizando um sonho.
Estou na UFPE desde o ano de 1994
(faz um tempinho já, 17 anos). Fiz o meu curso de graduação, o meu mestrado e o
meu doutorado no Departamento de Química Fundamental, no Recife. Alguns até
criticaram o fato de eu ter ficado todo este tempo no mesmo lugar. Não existe
uma resposta adequada, ou acertada, para essa questão. Posso apenas dizer que
criei laços humanos que me impediram de ir para São Paulo, Rio, ou qualquer
outro centro ou país. Afinal, eu estava em uma das melhores universidades do
país, rodeado dos melhores profissionais, em meio a cientistas de renome e amigos.
Muitos devem ter esse sonho, estudar na UFPE, trabalhar na UFPE. Infelizmente,
com o horizonte profissional iminente e minha vida estudantil acabando, eu tive
que migrar e fazer concursos. E eu fui para a Bahia.
Fiz o concurso para professor
para o recém-implantado campus
avançado da UFBA, na cidade de Barreiras (a 900 km de Salvador, e com 140 mil
habitantes). O centro lá se chamava Instituto de Ciências Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável (ICADS) e teve seu início em outubro de 2006, meses
depois do nosso CAA. Éramos 30 professores, 2 técnicos administrativos e pouco
mais de 200 estudantes, para seis cursos. Se aqui não fui pioneiro, lá fui um
dos primeiros a chegar à cidade. Não se tinha nada, cadeiras, mesa e
professores trabalhavam em lan houses.
Isso durou alguns meses e, aos poucos, a estrutura foi sendo construída.
Deixamos o prédio original para um complexo de edifícios que estavam (estão)
sendo erguidos. Prédios de salas de aula, prédio de laboratório, prédio de
administração e uma vastíssima biblioteca. Lá também havia uma grande evasão de
professores, mas principalmente por causa da distância. O acolhimento humano
era talvez o ponto mais forte do instituto, que hoje conta com 12 cursos, uma
estrutura física de fazer inveja a grandes centros universitários. Nos próximos
anos, se tornará a Universidade Federal do Oeste da Bahia. Saí de lá deixando
grandes amigos, técnicos, alunos e professores, para realizar um sonho: ser
professor da UFPE. E por que estou contando isto? Porque lá éramos oposição à direção, mas uma
oposição que dialogava, que era ouvida, que era atendida. E por que estou
dizendo isso? Porque quando cheguei aqui o sentimento foi de frustração, a tal
ponto de cogitar um possível retorno à Bahia. Claro que este pensamento durou
poucos segundos e, como bom brasileiro, eu nunca desisto dos meus sonhos. Não
consigo ver ainda o CAA como um local pleno nas concepções universitárias.
Estamos atrasados ainda. Não somos referência na cidade ou na região, ainda.
Precisamos e seremos! O CAA só conseguirá se tornar um centro de excelência,
como é seu destino ser, se for guiado por uma liderança que entenda o “ser
universidade”.
Esta liderança eu vi nos olhos da
professora Kátia Calligaris. Uma pessoa que se mostrou mais que amiga, solidária
aos problemas de quem dela se aproximou e pediu ajuda. Vencemos muitos desafios
internos e hoje somos um grupo forte, unido, que não teme desafios. Inclusive o
maior deles, tentar a direção do Centro Acadêmico do Agreste, por que
acreditamos que não podemos consolidar o que não está bom,
não podemos consolidar o que representa atraso: salas de
aulas precárias, falta de acesso (decente) à universidade, ausência de internet
em vários locais do centro, entre outros problemas. Precisamos e queremos um
novo
tempo.
Precisamos e queremos um CAA forte e humanizado.
Antes de terminar este texto,
gostaria de dizer que o respeito pelas pessoas deve estar acima de tudo, independentes
das nossas concepções políticas, ideológicas, ou quaisquer outras. Não é lugar
comum repetir: devemos respeitar a todos, seja o nosso companheiro, seja aquele
nosso adversário momentâneo. É o respeito que nos diferencia! E não custa
lembrar que o CAA deve estar acima de todos nós e o CAA deve nos representar a
todos, sem exceção.
Um abraço fraterno a todas e todos!
Professor Adjunto CAA/NFD/UFPE