Mensagem do professor Ricardo Guimarães


Comunidade do Centro Acadêmico do Agreste,


Estou aqui há pouco tempo, como muitos de vocês. Cheguei em meados de março do ano passado, ansioso por estar realizando um sonho.

Estou na UFPE desde o ano de 1994 (faz um tempinho já, 17 anos). Fiz o meu curso de graduação, o meu mestrado e o meu doutorado no Departamento de Química Fundamental, no Recife. Alguns até criticaram o fato de eu ter ficado todo este tempo no mesmo lugar. Não existe uma resposta adequada, ou acertada, para essa questão. Posso apenas dizer que criei laços humanos que me impediram de ir para São Paulo, Rio, ou qualquer outro centro ou país. Afinal, eu estava em uma das melhores universidades do país, rodeado dos melhores profissionais, em meio a cientistas de renome e amigos. Muitos devem ter esse sonho, estudar na UFPE, trabalhar na UFPE. Infelizmente, com o horizonte profissional iminente e minha vida estudantil acabando, eu tive que migrar e fazer concursos. E eu fui para a Bahia.

Fiz o concurso para professor para o recém-implantado campus avançado da UFBA, na cidade de Barreiras (a 900 km de Salvador, e com 140 mil habitantes). O centro lá se chamava Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (ICADS) e teve seu início em outubro de 2006, meses depois do nosso CAA. Éramos 30 professores, 2 técnicos administrativos e pouco mais de 200 estudantes, para seis cursos. Se aqui não fui pioneiro, lá fui um dos primeiros a chegar à cidade. Não se tinha nada, cadeiras, mesa e professores trabalhavam em lan houses. Isso durou alguns meses e, aos poucos, a estrutura foi sendo construída. Deixamos o prédio original para um complexo de edifícios que estavam (estão) sendo erguidos. Prédios de salas de aula, prédio de laboratório, prédio de administração e uma vastíssima biblioteca. Lá também havia uma grande evasão de professores, mas principalmente por causa da distância. O acolhimento humano era talvez o ponto mais forte do instituto, que hoje conta com 12 cursos, uma estrutura física de fazer inveja a grandes centros universitários. Nos próximos anos, se tornará a Universidade Federal do Oeste da Bahia. Saí de lá deixando grandes amigos, técnicos, alunos e professores, para realizar um sonho: ser professor da UFPE. E por que estou contando isto?  Porque lá éramos oposição à direção, mas uma oposição que dialogava, que era ouvida, que era atendida. E por que estou dizendo isso? Porque quando cheguei aqui o sentimento foi de frustração, a tal ponto de cogitar um possível retorno à Bahia. Claro que este pensamento durou poucos segundos e, como bom brasileiro, eu nunca desisto dos meus sonhos. Não consigo ver ainda o CAA como um local pleno nas concepções universitárias. Estamos atrasados ainda. Não somos referência na cidade ou na região, ainda. Precisamos e seremos! O CAA só conseguirá se tornar um centro de excelência, como é seu destino ser, se for guiado por uma liderança que entenda o “ser universidade”.

Esta liderança eu vi nos olhos da professora Kátia Calligaris. Uma pessoa que se mostrou mais que amiga, solidária aos problemas de quem dela se aproximou e pediu ajuda. Vencemos muitos desafios internos e hoje somos um grupo forte, unido, que não teme desafios. Inclusive o maior deles, tentar a direção do Centro Acadêmico do Agreste, por que acreditamos que não podemos consolidar o que não está bom, não podemosconsolidar o que representa atraso: salas de aulas precárias, falta de acesso (decente) à universidade, ausência de internet em vários locais do centro, entre outros problemas. Precisamos e queremos um novo tempo. Precisamos e queremos um CAA forte e humanizado.

Antes de terminar este texto, gostaria de dizer que o respeito pelas pessoas deve estar acima de tudo, independentes das nossas concepções políticas, ideológicas, ou quaisquer outras. Não é lugar comum repetir: devemos respeitar a todos, seja o nosso companheiro, seja aquele nosso adversário momentâneo. É o respeito que nos diferencia! E não custa lembrar que o CAA deve estar acima de todos nós e o CAA deve nos representar a todos, sem exceção.

Um abraço fraterno a todas e todos!

Professor Adjunto CAA/NFD/UFPE

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