sábado, 1 de outubro de 2011

Carta aberta ao CAA do professor Glaudionor Barbosa


À Comunidade do CAA/UFPE

Funcionários, Estudantes, Professores.

Peço licença para dirigir uma opinião a vocês. Acredito que o sigilo do voto pode ser, e frequentemente é, um instrumento de garantia da liberdade eleitoral, mas pode ser apenas uma expressão de despolitização. As eleições para Direção do CAA se aproximam e não vou usar da comodidade despolitizada do silêncio. Em primeiro lugar, quero saudar, com muito contentamento, o processo eleitoral em si, pois o mesmo encerra seis anos de intervenção política com ausência completa de democracia participativa. Aproveito para lembrar que o Diretor, foi durante todo esse tempo o Professor Mariano Aragão e o Vice-Diretor, o Professor Nélio Vieira. Nada tenho contra nenhum dos dois e confesso que o Professor Nélio, sempre que substituiu o Titular, mostrou-se mais sensível e mais aberto ao diálogo. Contudo, não estamos a tratar de simpatias ou antipatias eletivas, nem de elogio ou de escolha do menos ruim, ou de um segundo razoável em relação a um primeiro péssimo. Não estamos tratando de pessoas, mas de projetos. É consenso que a política não é o campo das boas intenções e sim da disputa do poder e da movimentação de forças sociais. O professor Nélio, é triste reconhecer, representa o continuísmo. A paternidade política do candidato Nélio é indiscutível e chama-se Mariano Aragão. Como historiador, fico assustado com um fato de campanha. Entretanto, devo insistir que tal fato causa espanto a todo CAA. Sentimos falta de fotos de Professor Mariano Aragão ao lado do seu candidato e desejado sucessor, o Professor Nélio. Remeto a memória histórica recente de que a Candidata Dilma, na qual muitos votaram, apareceu permanentemente em campanha ao lado do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por que o encobrimento político, ético e ideológico de um padrinho político? Seriam sentimentos de ingratidão ou vergonha? Um historiador não pode desprezar as experiências históricas concretas, a não ser que desista do ofício. Lembro-me de alguns regimes políticos que utilizaram o expediente citado acima como mecanismo para apagar a memória fotográfica que sustenta parte da memória histórica. Nos idos dos anos 30 a 50 do século passado isto não era uma operação tecnicamente simples. Hoje se tem um programa chamado de Photoshop. No caso da relação política entre o atual Diretor (Professor Mariano) e seu Vice e candidato situacionista (Professor Nélio Vieira), a manobra dispensa mecanismos indiretos de apagamento da memória histórica, simplesmente o Professor Mariano é escondido e nem sai nas fotos. Ele não é personagem histórica, nem mesmo ficcional. Ele apenas nunca existiu. A gestão de seis anos desaparece junto. A discussão de um tempo histórico (seis anos), que do ponto de vista de uma instituição (com pouco mais de meio século) não é um tempo desprezível, torna-se desnecessária. Produto final: um candidato “novinho em folha”, quase recém-chegado ao CAA. Subproduto: as velhas e deploráveis práticas que a comunidade do CAA irá repudiar nas urnas.

Caruaru, 30 de setembro de 2011

Glaudionor Gomes Barbosa
Professor do Curso de Economia
É LIVRE A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DO TODO OU DE PARTES.

Glaudionor Barbosa

5 comentários:

  1. Essa carta traduz, com muita seriedade, a sensação de repúdio que toda a comunidade do CAA possui diante da possibilidade do continuísmo. Sábias palavras, prof. Glaudionor, palavras de quem grita por um CAA forte e humanizado! Divulguem!

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  2. Em um pessimo comentario, o prof Dilson Cavalcanti postou o seguinte sobre esta carta aberta do prof Glaudionor:

    "É uma pena ver uma carta tão indecorosa e anti-ética como essa ser veiculada em um contexto de eleição acadêmica...que covardia...que reverência às sujeiras inescrupulosas comuns aos contextos políticos partidários, mas que deveria ser repulsivos na academia...na eleição acadêmica, deve-se priorizar a coerência, exequibilidade das propostas, a experiência, uma vez que a tarefa não é apenas política, mas sim administrativa...no discurso, todos falam o que querem, na prática, faz-se o que é possível...parafraseando Paulo Freire "na história não fazemos o que queremos, mas sim o que podemos"...Leiam as propostas; analisem a maturidade das mesmas, a pertinência com o que o CAA é e a projeção que ele pode ter...bom domingo e espero que tenham compreendido minhas colocações.....vamos exaltar a democracia e o respeito e assim, Consolidar e Avançar"

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  3. Rapidamente, nosso colega Renato Santos respondeu a altura:

    "Diante da repercussão causada frente à opinião do professor Glaudionor, gostaria de exprimir algumas palavras. Estamos diante de um processo democrático, onde, pela primeira vez, no CAA, podemos escolher nossos gestores. Estamos diante de u...ma oportunidade de falar a toda a comunidade do CAA que queremos um CAA novo, forte e humanizado. As palavras do professor Glaudionor, expressam a revolta de muitos docentes frente à possibilidade do continuísmo de uma gestão antidemocrática, não aberta ao diálogo, sem a participação dos diversos setores que compõem a universidade. Inescrupulosas, professor Dilson, é o modelo de gestão que existe atualmente no CAA. Respeito muito a pessoa do professor Nélio, mas não posso discordar do prof. Glaudionor. Inescrupulosa, Dilson, é quando os candidatos utilizam da máquina para fazer curral eleitoral, através da distribuição de kits para os professores (em plena campanha), através de "manifesto" onde os professores, técnicos e alunos tinham que colocar, (pasmem!) nome e CPF, declarando o voto na chapa 1. Isso é que é inescrupuloso, próprio de regimes de ditaduras, de intensa manipulação política. Isso é que me envergonha como estudante do CAA! Não queira me obrigar a esquecer seis anos de gestão, seis anos de erro... Seis anos de não-participação da comunidade... Não podemos agora, como BEM disse o professor Glaudionor, fabricar um modelo "perfeito" de canditado, novinho, saído do forno... A função da história, professor Dilson, é justamente essa: Olhar o passado, para podermos decidir um futuro melhor! E para o futuro do CAA eu NÃO QUERO CONSOLIDAR O QUE EXISTE, EU NÃO QUERO CONSOLIDAR O ERRO. Quero um CAA forte e HUMANIZADO. VOTO CHAPA 2, VOTO EM KÁTIA!"

    Depois desta resposta, o prof Dilson Cavalcanti não mais se manifestou! Ora, ele não estava com tantos argumentos? :/

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  4. Em Kátia e Silvana! É chapa 2 pra o CAA ter um novo tempo!!!

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